Para participar da escolha do Carro do Ano, em sua vigésima-sexta edição, Autoesporte contou com a participação recorde de 75 jornalistas especializados de todo o Brasil, que se uniram a sete profissionais da própria redação. O objetivo foi eleger o melhor automóvel nacional de 1990.

O resultado da votação - pela primeira vez secreta - destacou o Kadett, da General Motors, que venceu o Apollo, da VW, e o Uno, da Fiat, numa disputa apertada., como jamais tinha sido vista durante a existência desta promoção.

Nas próximas páginas, você vai conhecer as razões -que levaram o Kadett a ser o escolhido, desde a história do projeto, às ações de marketing, à atribuição de pontos dos jornalistas, até uma pesquisa entre proprietários do modelo e o teste mais completo com quatro versões do Kadett em avaliações inéditas no Brasil.

Depois da eleição, a comprovação. O Kadett, eleito "Carro do Ano" de 1990, entrou nas pistas para mostrar por que mereceu o título. Autoesporte revela, agora, os resultados do superteste exclusivo que realizou com o Kadett, em todas as suas versões de acabamento, com motores a álcool e a gasolina.

Neste ano, a avaliação tornou-se ainda mais completa, pois dois novos ensaios foram acrescentados ao programa. Um deles, a prova de aceleração lateral, realizada pela primeira vez por uma revista brasileira, determina com precisão a estabilidade do automóvel. Outro, foi o teste de consumo padronizado ABNT no dinamômetro de chassi (veja os quadros).

Quatro versões do Kadett participaram da avaliação (SL, SL/E, GS álcool e GS gasolina), todos modelos 91. As mudanças em relação aos modelos 90 não eram substanciais: apenas os GS tiveram seu diferencial alongado e os pneus série 60 substituídos pelos série 65 - o que melhorou os níveis de ruído e consumo, sem alterar seu desempenho. As versões GS têm motor 2.000 CM3 enquanto SL e SL/E são equipados com motor de 1.800 cm 3 . A carroceria tipo hatch-back, com três portas e lugares para cinco pessoas é comum a todos, e o banco traseiro pode ser rebatido, aumentando a capacidade do porta-malas. Mas as longas colunas traseiras dificultam a visibilidade, principalmente em manobras.

Nas provas de consumo, realizadas no circuito padrão AE de cidade e estrada, quatro motoristas revezaram-se ao volante para evitar possíveis diferenças na maneira de conduzir de cada um. Assim, todos percorreram idêntica quilometragem com os carros. Na cidade, o Kadett GS a álcool obteve média de 7,11 km/l contra 9,33 km/l da versão gasolina. Já na estrada, as médias foram de 10,56 km/l contra 12,10 km/l, respectivamente. Dessa forma, o dono de um GS a álcool gastaria Cr$ 1.462,72 (Cr$ 104,00 o litro, em março), para percorrer 100 quilômetros na cidade. Ou Cr$1.479,09 (Cr$ 138, 00 o litro), se ele fosse a gasolina. Para percorrer os mesmos 100 quilômetros na estrada, a versão a álcool consumiria Cr$ 984,84 contra Cr$ 1.068,93 do GS a gasolina.

Os resultados foram semelhantes com os modelos 1.8. A versão a álcool marcou 7,89 km/l contra 9,80 km/l do a gasolina na cidade. Nos mesmos 100 quilômetros de percurso, se gastariam Cr$ 1.318,12 de álcool contra Cr$ 1.408,16 de gasolina. Para esse percurso na estrada, o SL/E a álcool consumiria Cr$ 936,93, enquanto o SL a gasolina Cr$968,42.

As diferenças de consumo não são significativas, principalmente no percurso urbano. Mas o álcool continua com vantagem no custo km/litro de combustível. Em contrapartida, a gasolina proporciona maior autonomia, importante para quem viaja muito. Os Kadett possuem tanque de combustível com apenas 47 litros.

No desempenho, as versões a álcool levam clara vantagem Apesar das mudanças na relação final do diferencial (passou de 3,94:1 para 3,72:1) e dos pneus (de 185160 HR 14 para 185/65 HR 14), o Kadett GS continua sendo um dos carros de série mais velozes do Brasil. Chegou aos 185,725 km/h na média de quatro passagens, acelerou de 0 a 100 km/h em 11,10 segundos e mostrou retomadas surpreendentes, como de 60 a 100 km/h em apenas 11,24 segundos. Um carro esportivo e seguro, pois oferece sempre uma reserva de potência ao motorista.

O desempenho não é tão brilhante no GS a gasolina, pois seu motor tem 11 cv a menos que a versão álcool. Mesmo assim, mostra retomadas rápidas e ultrapassagens seguras. 0 SL tem a mesma potência (95 cv) a álcool ou gasolina, mas as diferenças de desempenho vêm do maior torque do motor a álcool. Já o SL/E a álcool atinge acelerações melhores que o GS a gasolina (veja tabelas), devido ao seu menor peso (995 kg contra 1.075 kg do GS) e melhor torque (15,1 mkgf a 3.000 rpm contra 16,2 mkgf a 3.500 rpm do GS). Mas as relações de câmbio muito longas dos modelos 1.8 obrigam o motorista a reduzir mais para obter ultrapassagens rápidas.

Nas freadas, todos se saem muito bem. O sistema de freios mostrou-se adequado a todos os modelos, inclusive no veloz GS a álcool, que pára sem desvios de trajetória. Seus pneus largos também ajudam a diminuir os espaços de frenagem. E, apesar da suspensão mais rígida do GS, o comportamento dinâmico é praticamente igual em todos: neutro, com leve tendência a desgarrar a frente em curvas de baixa velocidade. Nada que exija grande experiência para controlar.

No quesito conforto, o SL/E é o melhor. A suspensão absorve bem todas as irregularidades do terreno, tornando-o silencioso; é macio sem comprometer a estabilidade, assim como o SL. Apesar da ótima forração acústica, o GS não é tão silencioso quanto o SL/E, devido a maior aspereza da suspensão e ao ruído do escapamento. Mesmo assim, é possível fazer com ele longas - e confortáveis - viagens.
Avaliando a aceleração lateral

Um dos dados mais importantes na avaliação de um veículo durante um teste é sua estabilidade. Assim, Autoesporte introduziu, pela primeira vez entre as revistas nacionais, o teste de Aceleração Lateral, que determina qual o carro mais estável com o recurso de aparelhos eletrônicos comparando uma versão esportiva (Kadett GS) com uma normal (Kadett SL/E).